quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Preconceito um ato de ignorância

O preconceito é um ato de ignorância que só será vencido com o conhecimento. Pertencemos a uma única raça, a humana, cada povo que migrou para o Brasil contribuiu para a formação da cultura brasileira. Para que a diversidade enriqueça a comunidade tornando-a múltipla, faz-se necessário conhecer os valores culturais, a importância de cada cultura, bem como a herança deixada por elas no contexto social. O patrimônio cultural não deve ser visto apenas como folclore, deve ser respeitado e transmitido para as próximas gerações como parte das raízes do povo brasileiro. Hábitos, costumes, mitos, crenças e valores que não são ensinados, correm o risco de se perderem. Logo o povo que não preserva suas raízes perde parte de sua identidade.
Convivem no Brasil pessoas de mais de um continente, conhecer as contribuições culturais e suas origens fortalecem os laços e ajudam a preservar valores que fazem parte da cultura desse povo. Pois a cultura brasileira só é rica e variada porque recebeu inúmeras influências, o Brasil tem a "cara" que tem, devido sua história. Respeitar as diferenças é fundamental para evitar preconceitos e discriminações.
A história embutiu subjetivamente a ideologia de que a “raça” branca foi, ou é superior, mensagem presente nas entrelinhas dos livros didáticos, ainda hoje existem professores acreditam haver cultura superior e que há alunos que são incapazes de prosseguir nos estudos, por incapacidade intelectual. A lei de Diretrizes e Bases da Educação prega a igualdade de condições para o acesso e permanência à escola, essa é uma maneira de responder à sociedade que cobra investimentos sociais, deixando claro que, perante a lei todos tem os mesmos direitos sejam esses pobres e, ou negros. Porém na realidade as condições de permanências são diferentes, uns trabalham durante o dia e são forçados pelas circunstancia a estudar à noite. Os jovens pobres e negros continuam lutando por melhores condições de vida de trabalho, por igualdade, assim como seus irmãos nas senzalas que lutaram pelo direito de serem livres.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Consciência Negra

Castro Alves
Tragédia no Lar

Na Senzala, úmida, estreita,
Brilha a chama da candeia,
No sapé se esgueira o vento.
E a luz da fogueira ateia.

Junto ao fogo, uma africana,
Sentada, o filho embalando,
Vai lentamente cantando
Uma tirana indolente,
Repassada de aflição.
E o menino ri contente...
Mas treme e grita gelado,
Se nas palhas do telhado
Ruge o vento do sertão.

Se o canto pára um momento,
Chora a criança imprudente ...
Mas continua a cantiga ...
E ri sem ver o tormento
Daquele amargo cantar.
Ai! triste, que enxugas rindo
Os prantos que vão caindo
Do fundo, materno olhar,
E nas mãozinhas brilhantes
Agitas como diamantes
Os prantos do seu pensar ...

E voz como um soluço lacerante Continua a cantar:

"Eu sou como a garça triste
"Que mora à beira do rio,
"As orvalhadas da noite
"Me fazem tremer de frio.

"Me fazem tremer de frio
"Como os juncos da lagoa;
"Feliz da araponga errante
"Que é livre, que livre voa.

"Que é livre, que livre voa
"Para as bandas do seu ninho,
"E nas braúnas à tarde
"Canta longe do caminho.

"Canta longe do caminho.
"Por onde o vaqueiro trilha,
"Se quer descansar as asas
"Tem a palmeira, a baunilha.

"Tem a palmeira, a baunilha,
"Tem o brejo, a lavadeira,
"Tem as campinas, as flores,
"Tem a relva, a trepadeira,

"Tem a relva, a trepadeira,
"Todas têm os seus amores,
"Eu não tenho mãe nem filhos,
"Nem irmão, nem lar, nem flores".